(Fotos, reprodu~ção, video, You Tybe)
terça-feira, 29 de junho de 2010
LADO E - SOM E TRAGÉDIAS - THE ALLMAN BROTHERS BAND
(Fotos, reprodu~ção, video, You Tybe)
quinta-feira, 24 de junho de 2010
ALEX DIAS RIBEIRO - MEU PRIMEIRO ÍDOLO NO AUTOMOBILISMO
No começo, descobri a paixão pela velocidade e motores brabos ainda em Goiânia, quando um amigo do meu pai que tinha um jipe Candango aparecia por lá onde morávamos e dava cavalos de pau em plena rua. Aí, eu fiquei mal acostumado e, toda vez que ele aparecia por lá, pedia para ele dar um repeteco. Este senhor era parente do Waldir Lomazzi, o famoso Bepe preparador de motores bem conhecido aqui em Brasília.
Assim, quando me mudei para Brasília em 1966, a paixão aflorou ainda mais, pois descobri um monte de oficinas que ficavam na Asa Norte e, quando se aproximavam os Mil Quilômetros de Brasília, em abril, eu e uns amigos já começávamos a subir a Asa Norte a pé, lá da 716 até a 702 norte, em frente à concessionária volkswagem Disbrave.
Algumas vezes ajudei a empurrar e até a encerar o Patinho Feio, pois era literalmente apaixonado pelo protótipo e torcia por ele nas diversas provas em que ele participava. Mas não me lembro de tê-lo visto ganhando alguma prova, eis que sempre havia algum problema e o carrinho acabava por não concluir as provas que eu assisti.
Largada possivelmente das 200 milhas de Brasilia
Depois, fiquei sabendo que a Camber havia se mudado para a Quadra 503 sul e eu sempre rumava para lá para ver os carros que eram preparados, mas, agora, numa oficina muito bem estruturada e com uma revenda Yamaha.
Alex e namorada em frente a Camber na 503 sul.
O chaveirinho que era desejado pela juventude brasiliense da época
Depois, quando o Alex foi correr em outras categorias, a carroceria do Patinho Feio ficou abandonada ao relento nos fundos de uma oficina na W3 Norte quada 713.
A familia reunida, Daniel, Barbara, Alex, Carol e Luna
terça-feira, 22 de junho de 2010
REMINISCÊNCIAS BRASILIENSES - INAUGURAÇÃO AUTODROMO DE BRASILIA
Na época, esta corrida serviu também para homologar o autódromo na categoria de Internacional e eu estava lá juntamente com uma turma.
A nossa intenção era pegar um bom lugar e nos livrarmos do pagamento dos ingressos que eram muito caros para nós meros estudantes naquela época. De madrugada, quando estávamos no elevado 1 ou curva 1 no meio da escuridão, começamos a avistar uma barreira de soldados da PM que vinham em nossa direção armados de fuzis , cacetetes e o que mais nos meteu mêdo, enormes e ferozes cães pastores alemães.
Os PMs foram muito agressivos e não nos deu tempo nem para poder tentar justificar o injustificável do porque de estávamos ali dentro, naquela hora.
O nosso amigo Pedro, o mais conversador da turma, tentou argumentar e levou uma tremenda bofetada no rosto e a gente não pode fazer nada, pois os cães com cara de poucos amigos já tentavam nos devorar, mas foram contidos pelos PMs e nós tivemos que pular novamente a cerca para fora do autódromo.
Depois da frustração, não desistimos, fomos para casa dormir e bem cedinho, pela manhã, pulamos novamente a cerca e assistimos a prova vencida por Emerson Fittipaldi.
No sábado, durante o dia, lembro-me do Lorde dono da equipe Hesketh do piloto James Hunt, fazendo uma atividade incomum para a formula 1 de hoje, ele mesmo varrendo o boxe em que estavam a sua equipe e algum fotógrafo o flagrou e saiu publicada a referida foto na primeira página do correio brasiliense.
Enfim, estas são algumas histórias, lendas e folclores envolvendo a única prova de formula 1 na cidade.
segunda-feira, 14 de junho de 2010
WALDIR LOMAZZI - RESGATANDO A HISTÓRIA DO ELGAR GT 104
Idealizado pelo Ênio Garcia e executado por Waldir Lomazzi, esta entrevista é um resgate da história deste carro que ainda não foi contada por aquele que enfiou a mão na massa e durante um ano, trabalhou na construção de duas unidades, inspirado numa Ferrari Dino em escala bem pequena (possivelmente 1/43) apresentada pelo Ênio Garcia e também, uma homenagem que fazemos para aquele que ficou um pouco esquecido nesta história. A maioria das fotos são inéditas guardadas por mais de 40 anos.
Lomazzi em sua residência quando nos recebeu
MOCAMBO BLOG – Waldir Lomazzi, como começou a ideia de se construir o Elgar GT 104?
WALDIR LOMAZZI – Começou quando o Ênio me procurou e me levou a seu apartamento em que ele morava na 305 sul e falou: “O carro é este”, e me mostrou uma miniatura da Ferrari Dino, (possivelmente escala 1/43 pelo tamanho que ele simulou) pois aquele carro nada mais era do que uma Ferrari Dino.
Depois, eu olhei a parte de baixo abrindo, ela abria de frente para trás e me mostrou o motor e me falou que teríamos um patrocínio do Osório Adriano da Brasal, mas já arrumado tudo para a gente fazer o carro lá na Stil, que era uma empresa de perfis de aço e eu falei-lhe, tudo bem.
Foi aquela engenharia meio primária, por exemplo, a distância entre-eixos original era de 2,80 metros, muito longa para um carro de competição pois como se sabe o entre-eixos em competição é fundamental. Quanto mais curta e até certo limite facilita a condução em curvas de raio curto; mais longa melhora o desempenho em retas e curvas de alta.
Então, o Ênio estabeleceu um meio termo em 2m28. Aí, pegamos a suspensão do fusca de corrida do Ênio (o famoso Cascão-Brasal) e colocamos no chão. Instalamos o câmbio com o motor entre-eixos e aí começamos a fazer os perfis de aço e começou todo o trabalho. A gente trabalhava toda noite, todo sábado, todo domingo, todo feriado, a mulher estava até querendo me largar (risos) e levou um ano para sair os dois carros, depois de muito trabalho, pois quando se fazia uma peça já a fazia duplicada, pois seria para os dois carros (um foi para a dupla Toninho Martins/Ênio Garcia e o outro para a dupla Waldir Lomazzi/Paulo Guaraciaba.
O carro começando a pegar forma
Detalhe do chassi feito de perfis de aço (bem rústico e que funcionava)
Aqui a estrutura toda de arame quase pronta
WALDIR LOMAZZI – É, as medidas foram sendo tomadas. Lá era perfil mesmo, na base do quadrado. Então, se media a longarina e pedia-se para fazer a dobra e fazia-se as duas peças. Depois do chassi pronto, fazia-se o acoplamento no quadrado da suspensão Volkswagen, a suspensão dianteira dele era de barra de torção, mas nós usáva-mos uma barra só, sem ação, só para segurar a suspensão e só tinha uma barra que funcionava, pois o carro era muito leve.
Visão da traseira já montado o câmbio
MOCAMBO BLOG – E o projeto, como foi estabelecido? Como começou a ideia do projeto?
WALDIR LOMAZZI – O Ênio apareceu com ele no papel, ele pegou uma miniatura bem pequena da Ferrari Dino, como dito anteriormente, e colocou ela em escala, ele fez o desenho e a media fazendo em escala e falou: “isto em escala vai dar tanto”, pegava-se a medida e a calculava, “isto aqui vai dar tanto, em centímetros” e assim foi-se construindo o carro.
Motor entre-eixos
MOCAMBO BLOG – E a suspensão traseira?
WALDIR LOMAZZI – A suspensão traseira foi em mola espiral mesmo, as articulações, os tambores de freios, tudo original Volkswagen, já que a mola traseira, eu peguei e fiz uns braços para pegar na capa do semi-eixo. O que deu muito trabalho também, foi a articulação de câmbio, pois o câmbio ficou virado para trás, então para fazer aquela peça, deu muito trabalho.
O próprio Waldir Lomazzi testando a posição do banco e pedais
MOCAMBO BLOG – Como ficou a posição da alavanca de câmbio, a primeira, ficou na posição da primeira mesmo, ou não?
WALDIR LOMAZZI – Não. Ela ficou invertida, o diferencial virado ao contrário né, porque você tinha que fazer o seguinte: você tinha que pegar a coroa e virar pro outro lado dentro do câmbio, pois senão, ficava a ré andando para a frente e aí ficaria tudo errado. Este problema de câmbio invertido aconteceu com o Chapéu de Freira lá em Fortaleza (fusca feito pelo Von Negri).
Tivemos que tirar a caixa 3 e no treino, o carro ficou sem a segunda, o carro foi para a oficina à noite e no montar da caixa, eles colocaram a coroa do lado direito, como se tivesse o motor entre-eixos e quando fechou-se a caixa, já era 3 horas da madrugada e eu falei para o Von Negri: vamos dar uma volta no carro, e ele respondeu: “não, vamos embora para casa”.
No dia seguinte, fomos para o autódromo de taxi e o Von Negri foi para a oficina pegar o carro. Foram o Raimundo, o Carlão e o Japonês. Aí o Alemão funcionou o carro e quando foi sair e engatou a ré, o carro foi para a frente, na 1ª, segunda e terceira, o carro ía para trás, e aí, como é que se faz, tiramos o câmbio e eu fui tentar retardar a largada o mais que pudesse e quando chamaram para alinhar, o carro tinha chegado no grid.
Com a estrutura de arames com o gesso já moldado
MOCAMBO BLOG – Lomazzi, e os patrocinadores foi só a Brasal, ou teve outro?
WALDIR LOMAZZI – Teve a Brasal e para terminar o carro, o Castaldelli, que era uma fábrica de geladeiras e a Stil, que fazia perfis de aço. Eu levei o carro para o Gama todo já montado no arame (como mostram as fotos) andando e abria-se o capô, portas, o que dava acesso ao motor, tudo abrindo em arame.
O Castaldelli tinha um senhor, o Manoel, que era um verdadeiro artista, então ele colocou em cima de toda a estrutura do carro em arame sacos de gesso e assim foi fazendo, esculpindo o molde com gesso e daí, as peças, os para-lamas, o capô, enfim, toda as partes do carro. O para-brisa dele foi da Berlineta Interlagos, e aí eu cheguei nos lanterneiros da Brasal e falei para eles fazerem o modelo de arame para ficar igualzinho ao para-brisa da Berlineta, mas eles não deram conta e acabou que eu mesmo fiz o modelo. Outra peça que eu fiz foi o berço do farol, apesar de eu não ser lanterneiro.
Aqui, a carroceria já praticamente pronta
MOCAMBO BLOG – Este projeto de vocês, com motor central, foi um projeto inovador para a época?
WALDIR LOMAZZI – Na época fazia-se muito protótipos na plataforma Volkswagen e este foi um chassi próprio, com chapas perfiladas, com motor entre-eixos , o próprio Patinho Feio, era plataforma, com motor pendurado. A carroceria do Elgar foi feita em arame e os pneus, câmbio, tudo Volkswagen.
Sr Manoel, um verdadeiro artesão
MOCAMBO BLOG – Quais eram as polegadas que vocês usavam nas rodas do Elgar?
WALDIRLOMAZZI - O aro era 13 e era feito de chapa mesmo, as talas de 7 polegadas e as rodas "bolo de noivo" foram usadas depois com outros pilotos.
MOCAMBO BLOG – E os pilotos que andaram com ele?
WALDIR LOMAZZI – O Ênio, eu, o Toninho Martins, o Penta, o Zeca Zupa, Luis Claudio Nasser, o Barata e o Carlito Santo Mônica. No Pelezão, correram também o Gladstone e o Haroldo Meira, isto, quando o carro já era do Penta.
Ricardo Penta testando a posição do banco
MOCAMBO BLOG – E a estreia do Elgar, quando foi?
WALDIR LOMAZZI – Os carros estrearam nos Mil quilômetros de Brasilia de 1969 e eu estava conduzindo um deles, apesar de estar andando muito bem e já estar chegando nas primeiras posições, ele teve entupimento do tanque de gasolina por causa dos respingos de soldas que caíram dentro dele quando ele foi construído e não houve tempo para solucionar estes pequenos detalhes até a prova, isto tudo, na primeira volta, e o carro pifou e não terminou a corrida.
O Elgar antes da largada
MOCAMBO BLOG – Lomazzi, para terminar, e as vitórias do Elgar?
WALDIR LOMAZZI – Que eu me lembre, só os 500 km de Brasilia de 69 com o Toninho Martins e o Luis Claudio Nasser.
Recebendo a bandeirada 500 km Brasilia de 1969
Luis CLaudio Nasser e Toninho Martins após a vitória nos 500 km de Brasilia de 1969
Fotos arquivo pessoal do Waldir Lomazzi
quarta-feira, 2 de junho de 2010
OS FUSCAS DE BRASILIA...
A primeira grande participação em termos nacionais de um fusca em corridas foi mesmo nas Mil Milhas Brasileiras de 1956 quando um sedan bastante modificado e equipado com elementos do motor Porsche 1500 RS liderou a prova por muito tempo, só perdendo a liderança devido à quebra do cabo de acelerador. Na mesma ocasião, Haroldo Dreux em dupla com Aldo Costa conduziram outro Fusca Porsche ao sétimo lugar.
Depois disso, são eventuais as participações do simpático besouro, até o advento de outro Fusca-Porsche, desta vez o da Dacon pilotado por José Carlos Pace e que andou infernizando a vida dos outros concorrentes no final de temporada de 1965. Dois anos depois, 1967, Emerson Fittipaldi vence uma prova só para VW em Interlagos e nas Mil Milhas deste ano um Fusca bem preparado pela Dacon consegue um sexto lugar com a dupla Fritz Jordan/Nathaniel Townsend. Eventualmente, no Rio de Janeiro alguns Fuscas 1200 cc equipados com o kit Okrasa começam também a dar trabalho aos carros maiores.
Mas nos 1.000 Quilômetros de Brasilia de 1968, dois fuscas bem preparados chamam a atenção: o #64 de Ênio Garcia e Toninho Martins e o #12 de Carlos Alberto Brás/Tito Passarinho, que durante a madrugada apresentaram um desempenho incomum aos carrinhos da marca. Ênio/Toninho acabaram abandonando mas o carro de Brás/Passarinho chegou em sexto lugar, atrás de duas Alfas GTA, o Fitti-Porsche, o Bino Mark II e um FNM/JK.
O fusca Auto Modelo de Karl Von Negri/Dirceu Bernardon
Os brasilienses continuam a surpreender nas 500 Milhas da Guanabara quando cravam o segundo lugar (Ênio Garcia/Toninho Martins), o terceiro (Karl Von Negri/Dirceu Bernardon) e o quarto com o Protótipo Camber de Alex Dias Ribeiro/João Luiz da Fonseca.
O fusca Disbrave de Carlos Alberto Brás/André Gustavo
Não que andar de fuscas bem preparados fosse uma primazia do pessoal de Brasilia. Vários corredores de São Paulo, Rio, Minas, Bahia, Paraná, Pernambuco e Rio Grande do Sul também já o faziam, mas o desempenho dos fuscas candangos era realmente algo notável. O espanto continua nos 500 Km de Salvador onde Ênio Garcia/Toninho Martins chegam em terceiro, seguidos de Inácio Correia Leite/Jacques Lima com outro Fusca brasiliense.
Os bons resultados culminam - apenas para citar as provas de caráter nacional - nos disputados 1000 Km da Guanabara onde Inácio Leite/Luis Cláudio Nasser fazem quarto lugar e Ênio Garcia/Toninho Martins ocupam o quinto posto, atrás do Fusca-Fittipaldi de Nathaniel Townsend/Marivaldo Fernandes.
O mais bem sucedido: fusca Cascão/Brasal de Ênio/Toninho Martins.
É claro que outros fuscas correram também com grandes resultados, entre eles o dos irmãos Fittipaldi que venceram as 12 Horas de Porto Alegre, mas no cômputo geral daquela temporada nenhum outro fusca foi mais eficiente nas pistas do que os besouros de Brasília.
Afinal de contas, qual era a receita dos candangos, alguém sabe?
(fotos reprodução AE/Claudio Cruz/ material postado originalmente no Mestre Joca)