quinta-feira, 16 de setembro de 2010

MORTE EM PETRÓPOLIS

Meio dia de sábado do dia 20 de julho de 1968. Quando foi iniciada a prova de classificação das Três Horas de Velocidade de Petrópolis, os pilotos da cidade, acostumados com o circuito, que naquele ano foi invertido, andavam muito rápidos. Aluisio Renato acelerava forte e passava todo mundo com sua alfa GTA, quando perdeu o controle na curva da catedral. Bateu no meio-fio, subiu e chocou-se contra uma árvore e um poste. O piloto deitou-se no banco rapidamente, e, por pouco, não foi degolado. Escapou com ferimentos leves no braço esquerdo.

Alfa GTA de Aloisio Renato

Depois chegou a vez de Sergio Cardoso. Largou às 13h45 pilotando a Alfa TI e ao iniciar a segunda volta entrou forte na curva da rua Floriano Peixoto. O carro desgovernou-se, foi de encontro a um paredão, bateu num poste, atropelou o meio- fio, subiu e atingiu outro poste, voando metro e meio acima do nível da rua. Sergio foi retirado das ferragens e durante dez horas lutou contra a morte no hospital. Por três vezes seu coração parou. Com traumatismo escefalocraniano, esmagamento no tórax e vários cortes no corpo, Sergio não resistiu. Morreu no domingo por volta de 2 horas da manhã.


Alfa TI de Sergio Cardoso, depois da batida


Sete horas depois, a prova era iniciada.

Antes da largada, os concorrentes fazem um minuto de silêncio pelo colega falecido. A tensão emocional era visível entre o público e os concorrentes. Luis Pereira Bueno, com o Bino, lidera a prova seguido de perto por Ubaldo Lolli, com o BMW nº 2. A velocidade é muito alta, o público vibra, mas a morte de Sergio Cardoso ainda pairava no ar. E, na terceira volta, na mesma curva que vitimou Sergio, Carol Figueiredo perde o controle do Mark I, nº 21, e o carro sobe nos sacos de areia, bate no paredão, atinge um poste, volta, rodopia e voa até se chocar contra outro poste. Wilsinho Fittipaldi, que se recusara a correr, corre em busca de ajuda médica.

Aqui a sequência da batida de Carol Figueiredo

O Mark I, depois de bater no paredão, continua pela pista, largando pedaços pela avenida


Continuando a sua tragetória

Até ser seguro por Wilsinho Fittipaldi que se recusara a largar



Um caminhão de bombeiros entra na pista em direção ao acidente. Bandeiras brancas e amarelas são agitadas. O público continua correndo. Luis Pereira Bueno, que completava a quarta volta, vê o caminhão de bombeiros, desvia-se para a esquerda e nesse momento aparece o Cacaio à sua frente. Luisinho tenta parar, mas é tarde. Cacaio é atingido, bate no para-brisa do carro, é jogado para o alto, cai e fica imóvel. Um policial chega e cobre seu rosto com um lenço.
A prova é suspensa e os carros vão parando, Luisinho chega ao boxe. Seu rosto está ensanguentado e ele desce do carro quase gritando:
- Peguei o Cacaio! Peguei o Cacaio!
No pronto socorro, Cacaio é operado com fratura dupla na bacia, perfurações na bexiga e intestino e fratura exposta na perna esquerda. Carol é internado no Hospital Santa Tereza com a coluna vertebral fraturada.


Carol Figueiredo é socorrido
Trinta carros largaram para o 11º Circuito de Petrópolis. Cerca de 50 mil pessoas assistiram à corrida nos seus 4.100 metros de ruas e avenidas. Não fosse a morte de Sergio Cardoso e a corrida poderia prosseguir. Mas o clima emocional criado com a perda do piloto e os dois acidentes de domingo foram a gota dágua, com as autoridades de Petrópolis declarando que aquela seria a última corrida de rua em sua cidade e posteriormente, em todo o Brasil.


(Fotos, reprodução, Fonte, Quatro Rodas)

2 comentários:

  1. essas fotos são minhas e a Alfa era do Henrique Kraisher.

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  2. Henrique kreischer era meu bisavô
    Aloísio Renato kreischer é meu avô

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