quarta-feira, 28 de março de 2012

PRA MACHUCAR CORAÇÕES - NA ESTRADA COM VON NEGRI/TONINHO MARTINS

Estamos em 1968. O automobilismo brasiliense já é muito forte e um grupo de pilotos e mecânicos preparam os seus bólidos de corridas para disputar as 500 milhas do Rio de Janeiro daquele ano.
Naquela época, o automobilismo não era tão profissional e muitos pilotos e equipes colocavam os seus próprios carros de corridas nas estradas e enfrentavam mais de 1000 km para disputar uma prova.
Nas 500 milhas do Rio de Janeiro de 1868 estariam as melhores equipes brasileiras e um grupo de pilotos e mecânicos se juntaram para disputarem a referida prova.
Toninho Martins, piloto e "dono de Cartório", Carl Von Negri, piloto e "dono da Auto Modelo", uma oficina muito conhecida em Brasília naquela época e referência em preparar e construir carros de corridas e o mecânico Sebastião Roberto do Carmo ( o Tião), (que se uniriam no Rio de Janeiro à Ênio Garcia e Dirceu Bernardon) colocaram as tralhas dentro dos fusquinhas da equipe Cascão e  Von Negri e pegaram estrada rumo ao Rio de Janeiro.
O espírito aventureiro é o que prevalecia e a turma de apaixonados por velocidades faziam da viagem, pura diversão, consertando o carro quando ele pifava na estrada, parando ali num botequinho de beira de estrada e tomando umas e outras até chegar ao seu destino.
Segundo o próprio Von Negri, nesta corrida ele havia contraído uma gripe muito forte e estava até pensando em não correr, mas o Ênio Garcia ofereceu-lhe um "comprimidinho milagroso" para ele curar a gripe. E o alemão tomou o comprimidinho e se sentiu muito bem e andou como nunca. Fez uma ótima corrida chegando na terceira colocação. Mais tarde, muito depois, ficou sabendo que o tal "comprimidinho milagroso" era um tal de "arribite" muito usados naquela época pelos camioneiros em suas viagens para se manterem acordados, pois ele dava uma energia extra e ele fez a melhor corrida de sua vida. 



Que imagem mais bucólica: a estrada é  longa demais, afunilada, ladeada pelo cerradão goiano, com pequizeiros por todo os lados e dando a impressão que nunca acabaria.

Uma parada estratégica para sanar algum problema no fusca da dupla Toninho Martins/Ênio Garcia e o bem humorado Von Negri posando para o retrato, isto, em pleno 1968, época de ditadura militar,  de direitos cassados, de Beatles, Rollings Stones e  de Roberto Carlos, da Jovem Guarda e os malucos brasilienses fazendo aquilo que eles mais gostavam. (Mas como o fusquinha do Von Negri era bonitinho!!!)


As máquinas expostas no gramado da Torre de Televisão


Como dá saudades desta época!!! A imagem dos fusquinhas com os para-lamas cortados a gente via nas oficinas e pelas ruas de Brasília quando se aproximavam as corridas, principalmente, os Mil quilômetros de Brasília que era realizado em todo 21 de abril, datas da morte de Tiradentes e do aniversário de Brasília.



I'M GOING HOME - Na frente da "Cabana da Mantiqueira", a parada obrigatória dos viajantes, os troféus das provas de 2º e 3º colocados das 500 milhas do Rio de Janeiro são expostos com orgulho nos tetos dos fusquinhas, fato inédito até então. quando naquele ano, eles começaram a andar bem em provas de âmbito nacional.
Diz a lenda que o Von Negri tinha trazido um cabeçote trabalhado de um preparador alemão (Paul) e que foi copiado pelo pessoal de Brasilia, por isso os fusquinhas andavam tanto e que equipava o seu carro, além da energia extra do "arribite", ele tinha este pequeno segredo para andar bem... Será verdade!!!
Depois de pegar mais de 1000 km para o Rio de Janeiro, cansados, fadigados pela longa estrada, tudo teria que ser feito de volta para Brasília. 
Mas este era o verdadeiro espírito aventureiro de jovens daquela época que sabiam como viver e fazendo aquilo que mais gostavam.
Ênio Garcia/Toninho Martins em ação nas 500 milhas do Rio

As duplas dos fusquinhas eram estas: (Ênio Garcia/Toninho Martins), (Karl Von Negri/Dirceu Bernardon) e destacou-se também o protótipo Camber 17 pilotado por Alex Dias Ribeiro e João Fonseca que chegaram na 4ª colocação.

O Resultado da prova foi este:

1º - BMW nº 3 - Pedro Victor Delamare e Jan Balder
2º - VW nº 12 - Ênio Garcia e Toninho Martins
3º - VW nº 15 - Karl Von Negri e Dirceu Bernardon
4º - VW nº 17 (protípipo Camber) - Alex Ribeiro e João Fonseca
5º - Bino Mark II nº 47 - José Carlos Pace e Luis Pereira Bueno
A registar: melhor volta: Fitti-Porsche, com 1 min 38,1 seg, mas que mais uma vez não terminou a prova.
(Fotos, do infindável acervo de Napoleão Ribeiro, presidente da FADF a quem agredeço)

13 comentários:

  1. Comentário do Pedro Augusto encaminhado para o meu email:

    "Prezado Jovino.
    Muito bacana o seu blog, assisti esta prova no Rio de Janeiro e a turma de Brasília andaram muito bem mesmo. Uma época de verdadeiro automobilismo.
    Pedro Augusto".

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  2. Comentário do meu amigo Saloma encaminhado para o meu email:
    "Essas fuquetas deram trabalho na terrinha em Jacarepaguá...foguetinhos de Brasília!!"

    Observação do Blog:
    Muita gente tem reclamado porque não consegue fazer comentários no meu e em outros blogs por causa daquelas "letrinhas" indecifláveis exigido para concluir comentários.

    Então liberei para comentários Anônimos, embora já tenha tido problemas anteriormente sem exigir identificação do blogueiro.
    Jovino

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  3. Jovino,

    ´vendo estas fotos fico pensando como conseguiram acabar com o automobilismo no Brasil, isto sim era corrida de automoveis e nao estes frankstein eletronicos que correm hoje em dia.

    Abraço,

    Pepe.

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  4. Pepe, você é o da Hot Dodge, ok?
    Vamos nos reunir para juntarmos os pilotos daquela época? Tenho contato de alguns.
    Jovino

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  5. Estamos aquí meu amigo, é só me avisar.

    Pepe.

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  6. Jovino, imagina nos dias de hoje pegar dois Fuscas, recortar eles todo, preparar pra uma corrida mais distante que 1500km ter que cruzar dois Estados pra chegar lá, correr, vencer e retornar, nos dias de hoje, estes fuscas recortados não passariam da primeira esquina,multa, guincho, depósito, 200mil pontos na carteira de habilitação...e por aí vai... por isto que tempos dourados são dourados e não voltam mais.Belas fotos e coloridas, já me perguntaram uma vez se nos anos 60...50....era preto e branco!

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  7. Pois é Rodolfo, por isto a gente é tão fã destes pilotos e esta época. Estou pensando em fazer um fusquinha igual ao do Von Negri para andar aqui no autódromo de Brasília, pois teremos todo mês track day de antigos. Jovino

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  8. Bons tempos! Lembro sempre ter visto em revistas a foto do Fusca Cascão.
    Ótimo post, parabéns.

    Quanto as palavras é só mudar para outras mais legíveis.

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  9. Joel, mas como a gente faz isto? O melhor seria eliminar estas letrinhas. Tem como? Jovino

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  10. Jovino, boa ideia a sua de fazer a réplica do fusca Von Negri, já que aí tens oportunidade de poder desfrutar, infelizmente aqui na "ilha" não tem como, agora que a turma está dando valor aos antigos, quando vim pra cá em 86 quase que me jogaram da ponte com meus Vemags e tudo...

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  11. Caro Jovino
    Lembra-se que num post mais atrás eu havia te dito que talvez tivesse uma foto desse Fusca?
    Pois é procurei, mas não achei.

    Lembrei-me agora o Fusca é o # 13 ele aparece num filme que ainda vou editar e por no youtube.

    Foi filmado durante as 300 Milhas da Guanabara - Prova Deputado Levy Neves - em 15-11-1968 - que também corri.
    Quando o filme estiver pronto, ainda vai levar algum tempo, te aviso.
    Abraços.

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  12. Ok Sidney. Este fusca do Von Negri de nº 13 é o famoso Chapéu de Fleira e o Von Negri deve me levar fotos dele hoje a noite, pois ele está querendo que o Rodolfo do Plasticostea faça a sua miniatura.
    Quando tiver o filme postado no You Tube me avise que eu o publicarei aqui no blog.
    Abs.
    Jovino

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