Há algum tempo atrás fiz uma matéria investigativa a respeito dos Royales brasilienses que correram em Brasília e publicada no Blog do Saloma.
Na época, havia uma grande confusão em relação aos Royales pilotados pelos pilotos Luis Estêvão e Luiz Barata, quando os mesmos derrotaram a poderosa equipe Hollywood numa prova no antigo autódromo improvisado no estacionamento do Estádio do Pelezão e o Royale em que o piloto brasiliense Leo Faleiro também correu tempos depois aqui em Brasília, pois muitos acham que os dois carros fossem os mesmos.
Segundo apurei através de jornal encaminhado pelo filho do Luiz Barata, Fábio Barata (quando fiz uma homenagem para o seu pai), Luis Estêvão vendeu seu protótipo Ok-VW e ao fazer a contabilidade anual descobriu que o que levantara de prêmios compensara em muito o investimento, sem contar o retorno publicitário e financeiro que rendera para sua rede de revenda de pneus. Isso o animou a buscar um patrocinador maior e montar uma equipe em moldes profissionais e compraram um Royale acidentado e o trouxeram para Brasília.
Então, pelo que foi apurado, houve apenas um acidente dos Royale e de tal monta que justificasse uma reconstrução do protótipo inglês: foi nos 500 Km de Interlagos de 1971, quando o paranaense Sérgio Benoni Sandri deu uma panca memorável com um Royale-Ford, ex-equipe Greco. E pelo que foi apurado pelo meu amigo Joaquim ( o Mestre Joca), a mecânica original do Royale brasiliense era de um Ford Cortina 1600 cc. Daí, parece não gerar mais dúvidas de que o chassi brasiliense (pilotado pelo Luiz Estêvão e Luis Barata) fosse o mesmo que foi acidentado com o Sérgio Sandri.
Como dito, um outro Royale também apareceu mais tarde em Brasilia, pertencente ao falecido piloto Evandro Faleiros e que correu também na inauguração do Autódromo de Goiânia em 1974, se bem que equipado com motor VW, primeiramente, com motor a ar e depois com motor AP, ambos de 2 litros, mas acredito que o motor AP 2000 somente foi instalado nele para decoração, pois não existe nenhum relato do Leo Faleiro correndo com esta motorização.
Este é o Royale que pertenceu ao Luis Estêvão e que fez dupla com o Luis Barata quando enfrentaram os poderosos Porsches 908 e 910 da equipe Hollywood de Anisio Campos |
Assim, os dois Royales que pertenceram à equipe Greco e que terminaram seus dias em Brasilia: um transformado no Royale-GM e o outro com a família do Evandro Faleiros.
Este é o Royale que pertenceu ao piloto Evando Leo Faleiros que estava "escondido" aqui em Brasília e que fez muito sucesso nas pistas brasileiras na década de 70, este nas mãos do piloto brasiliense Leo Faleiro, que o manteve guardado e bem conservado até hoje em uma chácara no Lago Sul com mecânica Volkswagem AP 2.000.
Repare no detalhe das portinhas que se abriam e mostrando, aparentemente, que estes carros seriam muito inseguros. |
Na época, quando estava atrás de material para a Hot Dodge brasiliense, descobri a possível existência do Fitti-Porsche, que, infelizmente, não teve um final feliz como todos nós desejávamos, mas, no caso do Royale, este sim, teve um final feliz. Fiquei sabendo que este carro estaria na cidade e tentei localizar o dono, mas ele veio a falecer naquele ano e o carro ficou guardado por sua ex-esposa, a Sra. Consuelo Joffily quando eu entrei em contato com ela e ela me recebeu em sua residência.
A Consuelo teve participação marcante na história do carro, pois acompanhava o marido em suas corridas fazendo a cronometragem como acontecia naquela época, quando as esposas assumiam esta função dentro da equipe.
Segundo relato do Leo Faleiro feito do próprio punho deixado guardado num baú de recordações com um monte de fotos, o Royale, na ´poca, tinha suspensão independente nas 4 rodas, freios Girling a disco nas 4 rodas, 2 carburadores Weber de 48 mm, câmbio Hewland de formula 2 e motor Volkswagem de 2.000 cc com virabrequim roletado, com rodas dianteiras de 8 polegadas e traseira com 13 polegadas e peso total de 420 kl/ tanque com capacidade para 110 litros (aqui a configuração, pelo que entendi, de um motor a ar).
Este carro, segundo o Leo, participou do campeonato Brasileiro de Viaturas esporte em 1971 chegando em 2º lugar, do Campeonato Brasileiro de viaturas Esporte em 1972 chegando em 3º lugar, entre outras participações e também teria sido pilotado por José Carlos Pace, Luiz Pereira Bueno e Tite Catapani e foram trazidos para o Brasil 2 Royales pela equipe Bino/Ford do Luiz Antonio Greco, sendo patrocinado pela Ford do Brasil e Banco Comercio e Indústria de São Paulo.
O carro foi comprado pelo Leo em 1973 ou 74 em São Paulo do Emilio Zambello, segundo relato do piloto goiano Romeu Calil, que acompanhou o negócio na cidade paulista e o levou para sua oficina Veneno Motor Center em Goiânia onde o preparou para as provas. O Royale ainda estava com motor Ford Cortina 4 cil. e depois o Leo instalou o motor Volkswagem.
Segundo o Romeu Calil, quando foi a São Paulo pegar algumas peças do Royale que estavam faltando havia um outro por lá, mas ele não sabe precisar se era também do Emilio Zambello ou estava lá para ser preparado para corrida e este teria sido comprado pelo Luiz Estevão e trazido para Brasília, após o acidente já citado mais acima.
Pelo que eu conversei com a Consuelo e o Romeu Calil, na época, os dois carros são distintos, sendo que o Luiz Estevão pilotou um carro e o Leo Faleiros o outro, pois o que eu imaginava era que eles haviam pilotado o mesmo carro pelo fato de serem de Brasília, mas que ficou esclarecido após o encaminhamento de matéria publicada no Jornal dos Sportes da época.
Quero, através do Mocambo Blog, prestar mais esta pequena homenagem a este grande piloto de Brasília e que nos deixou recentemente que foi o Leo Faleiros, que participou do cenário automobilístico brasileiro desde o início da década de 70, quando tinha apenas 17 anos e até a pouco acelerava forte nas várias categorias que participou ao longo de sua carreira, e, apesar de ter sempre gente querendo comprar o carro, ele o preservou e graças a sua consciência, ele não acabou tendo um final triste como a maioria dos carros de corrida que fizeram a história do automobilismo brasileiro. Agradecimento especial a Consuelo Joffili, que contribuiu com material e foi muito simpática e esclarecedora toda vez que precisei dela e ao Romeu Calil, que esclareceu a origem da compra do carro.
Nota especial de Consuelo Joffily.
Meu amigo Jovino, (a titulo de esclarecimento)
O Royale faz parte do patrimonio deixado pelo Evandro Leuman Faleiro (Leo) aos filhos Tatyana, Juliano e Enzo. Se por qualquer razão, eles (os filhos) nao puderem mais cuidar do Royale, eles teem certeza para quem passariam a responsabilidade de cuida-lo: seria para o Nelson Piquet, pois desde a Inglaterra ele sempre manifestou interesse no Royale e na possibilidade de conservar a historia nova de Brasilia, seus automobilistas e suas maquinas.
Seria bom ressaltar que os cuidados especiais, limpeza, lubrificacao e funcionamento do motor, eram o passatempo predileto do Leo. As fotos do Royale foram feitas em sua chacara, no Lago Sul, aonde ele morava com nosso filho Julliano, desde a nossa separacao em 1996.
É Leo que merece todos nossos elogios. Ele fez por merecer.
A familia Faleiro agradece a homenagem.
CONSUELO JOFFILY
(abaixo, um filminho que fiz na residência da Consuelo.)
Comentário do meu amigo Carlinhos Pontual encaminhado para o meu email:
ResponderExcluirGrande Jovino,
"Estou com saudades do boteco e da sua companhia! Breve estarei de volta!
Você afirma textualmente em sua matéria que o Royale do Leo “correu também na inauguração do Autódromo de Goiânia em 1974, se bem que equipado com motor VW, primeiramente, com motor a ar e depois com motor AP, ambos de 2 litros”.
Acredito que o Royale do Leo (ou qualquer outro Royale) jamais tenha corrido com motor AP-2000 (refrigerado a água), mas, exclusivamente, com motor boxer (a ar), talvez 1.900, com comando P3, pois pertence a outra época. Na verdade, Jovino, o motor AP-2000 deve ter sido instalado pelo saudoso Leo bem mais tarde, pois foi criado somente em 1988.
A fim de facilitar o meu ponto de vista, envio ao amigo a história do motor AP, que era 2.000 (ou 1.600, ou 1.800) por considerarmos, então, os centímetros cúbicos de cilindrada, que correspondem, mais ou menos, a litros vezes 1.000)"
Carlinhos,
ResponderExcluirMuito pertinente o seu comentário, pois, quando estive com a Consuelo a uns 3 anos atrás, não existia nenhum relato do Leo Faleiro falando da participação do Royale com a mecanização AP 2000, acreditando eu que ele correu apenas com motor VW a ar.
Jovino
Jovino,
ResponderExcluirÉ o Fittiporsche na foto do perfil?
Abs.
Sim, é de uma prova em Interlagos. Brevemente farei um post desta corrida.
ResponderExcluirJovino
Olá Tio Jô aqui é Bibi, seu blog é de alta qualidade eim! adorei!
ResponderExcluirTo comentando pra te lembrar de devolver meu gravador, não esquece na prox vez que a gente se encontrar ou vc ver meu pai!
Obrigada, continue assim, seu blog é muito bom
Ate a proxima pizza!! hhahaha
Bizinha,
ResponderExcluirO seu mini gravador foi de grande utilidade para mim e me ajudou a resgatar um pouco da história do automobilismo brasiliense quando fiz a entrevista com o Waldir Lomazzi, piloto brasiliense que participou da construção do mais belo protótipo brasiliense concebido pelo meu amigo Ênio Garcia que não gostou nem um pouco da entrevista, mas valeu a pena.
Entreguei o gravador para o seu pai, bem como alguns filmes muito românticos: a coleção completa de "Sexta Feira 13" (doze filmes) e o "Massacre da Serra Elétrica 2".
Espero que você se divirta muito e dê muitas risadas.
Ah... vamos marcar a pizza para a sexta feira à tarde, que não será 13, mas será 10. Chame Marininha e Aninha e tia Marcia e a Tia Graça.
Do tio jô.
A D. Consuelo ainda tá boa, hein???
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