No início dos anos 70 a Divisão 3 era uma categoria que fascinava a todos os apaixonados por automobilismo. Assisti duas provas desta categoria aqui, se não me falha a memória, em 75 e 76.
Dentre todos os carros que participavam da prova como Opalas, Mavecos, Chevete e os Pinicos Atômicos, teve um ano que apareceu o Dodjão do piloto Leopoldo Abi Eçab e criando uma expectativa muito grande para quem estavam ali nas arquibancadas cobertas.
Só de ver a belíssima máquinas vermelha com aquelas rodas super largar e as oito cornetas que apareciam no capô lá na garagem dos boxes nos deixavam doidos para ver ele andando na pista, mas, na prova, o seu rendimento não foi o esperado pelos torcedores, pois os fuscas pinicos atômicos foram passando o Dodjão até ele ficar em último lugar para a decepção de todos nós.
Mas, à época, o Dodge do Leopoldo, ainda carecia de acertos pois havia saído do forno a pouco tempo.
Abaixo, algumas fotos que já são de conhecimento de muitos e outras que são raras, captadas do facebook do André Monk mostrando o motorzão da máquina e o seu interior.
Aqui uma raridade, o motorzão com a cornetonas a mostra.
A traseira do Dodjão. Repare na largura dos pneus.O interior do carro com o banco, o volante, o santo-antônio e o volante com um simples painel para a época.
Uma bela usina para a época
Aqui ele andando em Interlagos
RESULTADO DA PROVA DA DIVISÃO 3 EM BRASÍLIA EM 76
Classe B
1. Bob Sharp, Maverick, 20 v 47m06.43s
2. Paulo Prata, Maverick, 20 v
3. Aladio Teixeira Jr., Maverick G1, 18 v
3. Ronaldo Jabur, Opala G1, 18 v
5. Paulo Cesar Lopes, Maverick G1, 18
6. Abdalla Jarjour, Opala, 17v
Ab Leopoldo Abi-Ecab, Dodge
Melhor volta Bob Sharp, 2m16s
Classe A
1. Vital Machado, VW 1600, 20 v
2. Amadeu Campos, VW, 20 v
3. Jose Fusetti, VW, 20 v
4. Arturo Fernandes, VW, 20 v
5. Claudio Gonzalez, VW
6. Jose Melkan, VW
7. Alvaro Torres, VW
8. Bolivar de Sordi, VW
9. Jean Alain Samuel, VW
10. Keniti Yoshimoto, VW
Jovino,
ResponderExcluira Divisão 3 marcou época e uma geração inteira de de fãs...
o Dodge era, de longe, o mais 'agressivo' dos carros que competiam nessa época...
abs...
Vi este carro em Interlagos, era muito bonito, bem acabado e tinha um ronco impactante mas simplesmente não era competitivo.
ResponderExcluirNa realidade este carro nunca foi competitivo, apesar de ser bastante impactante para quem o via acelerando na época da D3. Lembro-me bem aqui em Brasília quando ele saiu para treinar e levar couro dos pinicos atômicos. Alguns expectadores não entendiam do porque de um carro daquele com aquele mecânica não andar. Mas era muito lindo. Jovino
ResponderExcluirSegue o relato do próprio construtor do carro. Transcrito por Mario Souto Maior.
ResponderExcluirOlá a todos os que curtem o automobilismo e as máquinas modificadas! Acho que a triste forma como foi extinta a Divisão 3 Classe C em 1976, e o tamanho do prejuízo que ela causou àqueles que dela participavam, causou o silêncio por tantos anos e a vontade de esquecer aquele infeliz episódio na história do nosso esporte.
Mas vamos aos fatos. Leio inúmeras opiniões dos aficionados em automobilismo sobre o desempenho do Dodge que eu preparei e pilotava e que participou apenas de 4 corridas. Leio, por exemplo, que “tomava pau dos pinicos até nas retas” ou que “seu eixo traseiro era muito pesado, e por isso, era lento nas curvas”. E mais outra: “transferia mal a potência para a pista”, e assim por diante.
Primeiramente, devo lembrar que o Regulamento da Divisão 3 exigia que apenas o bloco, cabeçotes, aparência externa e carroceria de aço fossem mantidos, além do local original do motor. Sendo assim, o motor do Dodge nº 71 tinha uma cilindrada elevada de 5.212cc para 5.400cc., comando de válvula roletado de 330°, taxa de compressão de 14:1, 4 weber 48 e mais algumas coisas que proporcionavam uma potência medida de 442hps.
Naturalmente, uma potência semelhante exigia um diferencial autoblocante DANA importado, usado pelos Dodges Challenger no Campeonato TransAn norte americano e pneus traseiros com 14 polegadas de banda. Como o regulamento permitia, tanto a suspensão dianteira como traseira não usavam uma única peça original. Barras de torção e bandejas na dianteira e feixe de molas na traseira foram suprimidos, dando lugar a braços triangulares com juntas esféricas (ball joints). Amortecedores Koni usados na Fórmula 5000 inglesa envolvidos por molas espirais tanto na frente como atrás, além de um eixo De Dion também com ball joints. Os freios com discos maiores nas 4 rodas possuíam 2 pinças cada um e também eram usados no TransAn.
A velocidade deste carro no fim da reta de Interlagos era de 260km/h, só equiparada aos outros motores V8. O opala que eu pilotava, um ano antes, atingia 240km/h e os pinicos atômicos não passavam dos 210km/h.
O verdadeiro ponto fraco no Dodge – que seria temporário se não fosse anunciado o fim da categoria, que não compensava novos e caros investimentos – estava no sistema de lubrificação do motor, que dos 5kg de pressão iniciais no momento da largada, caía para 1,5kg na metade da primeira volta para 0,5kg ao completá-la. Caso não houvesse um alívio substancial no acelerador, o motor ”lançaria” no meio do retão, se tanto. Nesse momento, as especulações depreciativas – que na verdade eu atribuo apenas à desinformação –, surgem e acabam consolidando uma fama equivocada.
Quando este carro começou a ser construído e preparado, no início de 1975, nada indicava que a categoria estava com os dias contados e o objetivo era competir de igual com os Mavericks, e isso seria conseguido se no 2º semestre do mesmo ano, com o carro em fase final de elaboração, não recebêssemos – chocados – o anúncio que a temporada de 1976 seria encurtada e seria a última.
Um abraço a todos e parabéns pela arte do Novaes, muito feliz mesmo."
Leopoldo Abi-Eçab