segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

CAMPEONATO PAULISTA DE DIVISÃO 1

As fotos abaixo são de 1974, em Interlagos, no Campeonato Paulista de Divisão 1.
Os personagens são os pilotos Estanislau Franco, a bordo do Maverick da Gesipa, e o Edgard Mello Filho, pilotando o Opala da Havel Veículos.
Como não tive a oportunidade de ter visto esta prova, vou reproduzir o comentário feito pelo o nosso saudoso amigo e blogueiro, Veloz HP (Leandro Alfonso), que frequentou, por alguns anos, o Blog do Gomes. Ele era uma das atrações daquele blog com os seus comentários inteligentes e sua fonte inesgotável de conhecimentos com quem compartilhávamos a mesma paixão pela velocidade.
Ele já nos deixou e é uma pequena homenagem que faço para esta figura que não tive o prazer de conhecê-lo pessoalmente:


Em 29 de dezenbro de 2006

"Esse foi para mim um dos maiores duelos que ja ví em Interlagos.
Estanislau Franco com o Maverick e Edgard Mello Filho com o Opala duelaram ferozmente durante 6 das 8 voltas da corrida em que o Estan usou até de meios não muito “limpos” para segurar o Edgard como atravessar o carro nas freadas das curvas, antecipar o ponto de frenagem, mudar várias vezes o traçado, enfim, usou todos os meios lícitos e ilícitos para segurar a fúria do Edgard e fazê-lo errar quando o seu famoso “sangue quente” chegasse a níveis borbulhantes.
A tática dele era “matar” as saidas de curva do Opala, ganhando com isso, junto à maior potência do Maverick, preciosos metros à frente.
Porém o Promessinha estava num daqueles dias e em poucas curvas de verdadeira aula de pilotagem e derrapagens controladas, lá estava ele grudado na traseira do Maverick como mostra a foto.
Na arquibancada a galera ia ao delírio com isso e todos torcíamos pelo Edgard.
Eu achava que o Promessinha ia ter um infarto dentro do carro, imaginando a ira colérica que ele estava sentindo, além de ter de se segurar para jogar limpo o tempo todo, sem “totós” ou coisas do tipo.
Porém, no fim da sexta volta ao sair colado ao Maverick na curva do Sargento, já havia uma marca funda na porta dele, bem em cima do número 200, e logo após, na curva do Bico de Pato o Edgard enfiou por dentro naquela de “agora vai ou ficamos os dois aqui”, e foi, para delírio total da arquibancada, de lado, todo torto, conserta daqui, desarruma ali, só se via os braços do Edgard rodando aquele volante como louco, que o hôme ultrapassou o Estan. Maravilhoso, uma verdadeira explosão de aplausos.


Só que agora iniciava-se a sétima volta, faltavam duas, será que o italiano seguraria o Maverick no Retão e na Subida dos Boxes, os pontos fracos do Opala naquelas condições ?
Meus amigos, o que vimos a partir daí foi para mim a maior aula de pilotagem num Opala Divisão 1 já vista em Interlagos.
Frenagens absurdas, curvas 1 e 2 feitas com as 4 rodas desgarrando, a entrada da Ferradura, essa aí da foto, o Opala saltava de frente pois ele a tomava quase na terra pelo lado de dentro e num golpe rápido, quando o carro estava quase no ar, jogava a frente para a esquerda, de lado, trancando toda a frente e a vantagem que o Maverick, alí na cola, poderia ter na saida da curva e ganhar a posição na freada da Reta Oposta na entrada da Curva do Sol.
E foi assim pelas 2 voltas finais que o Edgard Mello Filho toreou um carro muito mais potente que o seu numa pista de alta velocidade com curvas de alta, média, subidas, descidas, tudo enfim contra ele mas, mostrando o imenso talento que tinha e ganhando muitos fãs eternos como eu, naquela gloriosa tarde de domingo em Interlagos, templo sagrado de muitas batalhas, e essa foi uma das mais lindas que ví por lá.


O relato é deste rapaz aqui, o Veloz HP, ao lado, Sidney Cardoso e Ceregatti

À noite no Ibirapuera, Rick Store, Rua Augusta, Panamericana, em todos os pontos de encontro dos malucos só se falava nisso, no show do Promessinha e seu Opala.
Eu, estreando meu primeiro Opala bravo preparado pelo Silvano Pozzi, fazia mil barbaridades com ele pela cidade toda.
Esses foram os tempos molecada, éramos felizes e sabíamos, víamos shows como esses todos os domingos ao vivo e a cores e a noite a festa continuava até o raiar de um novo dia onde novas aventuras nos esperavam.
No fim desse ano o Emerson Fittipaldi ganhou o seu segundo título na F1 pilotando uma McLaren.
No começo do outro ano o Pace ganhou em Interlagos e assim vivíamos, de festa em festa, até o Sol raiar.
Que saudades, meu Deus do Céu.
Saudades não só dessas coisas mas do mundo como ele era, mais simples e humano, onde havia espaço para se sonhar e acreditar que aconteceriam nossos sonhos."

(Fotos, Rogério P. da Luz. Fonte, Blog do Gomes)

10 comentários:

  1. Jovino
    Que bom que você reproduziu esse comentário do Veloz HP (Leandro Alfonso), pois também frequentava o blog do Gomes, conheci o Veloz HP pessoalmente e não havia lido esse comentário dele.Valeu! Muito bom!
    Abraços.

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  2. É Sidney, o Veloz fez parte dos primeiros momentos em blogs que eu, que nós participamos e os seus comentários sempre eram inteligentes, polêmicos, mas um cara muito legal e que eu não tive o prazer de conhecer pessoalmete.
    Jovino

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  3. Bons tempos,e por incrivel que se apresente,para ficar na frente dos Mavecos com um Opala bem acertado,bastava alem de se ter culhoões,permitir a ultrapassagem sò no meio do retão,pois não era dificil devolver no Sargento ou na junção,passando assim sempre na linha de chegada na frente.Nas 6 Horas de Interlagos fiz isso por mais da metade da prova e cheguei na frente.Abs Dado Andrade.

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  4. Dado, obrigado pela sua presença aqui.
    Realmente, era bons tempos aqueles do nosso automobilismo.
    Sidney, inclui uma foto do Veloz juntamente com você e o Ceregatti.
    Jovino

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  5. É Jovino
    Voltei aqui e tive uma surpresa ao ver a foto.
    Abraços.

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  6. Jovino, que bom lembrar do Veloz HP, um cara dos bons, que foi cedo demais...

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  7. Saudades do Veloz HP.
    Lendo o post," delírio total da arquibancada"infelizmente não temos mais nada disso no nosso Templo.
    ABS

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  8. Caracas ........ que relato emocionante ......... Lindo cara.

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  9. Que saudade do Veloz HP, que foi embora antes do combinado!! Ótima lembrança e parabéns Jovino, por publicar esse brilhante comentário novamente.

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  10. Do tempo em que os pilotos eram mais importantes que as maquinas.

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