O piloto Luiz Barata
Naquela época, a inauguração do autódromo de Brasília foi, sem dúvidas, muito boa para o automobilismo Brasileiro.
Além de ter mais uma pista, a Capital Federal apresentava grande potencial automobilístico. A paixão dos brasilienses pelo esporte a motor foi responsável pela profusão de patrocinadores para carros e pilotos numa época muito rica do autmobilismo brasileiro.
A CONSTRUÇÃO DA PISTA
O Circuito provisório de Brasília serviu como exemplo da dedicação dos dirigentes locais. Depois de dois anos sem corridas, antes realizadas nas ruas da cidade, partiu-se para a construção de uma pista aproveitando o estacionamento do antigo estádio do Pelezão, pois o futebol lá não motivava o torcedor a ir ao campo. O contorno da pista foi conseguido com muretas de 1 a 1,5 metros de altura, feitos com terra compactada e pneus. Em alguns pontos é até larga, com acostamentos de 3,5 metros, mas em outros fica muito estreita. São nove curvas em apenas 2.700 metros e no miolo as ultrapassagens tornam-se difíceis e perigosas. Não existiam boxes cobertos, nem cabina de cronometragem. Mas todo o circuito foi construído com muito pouco dinheiro e graças à abnegação dos esportistas de Brasília.
Muita gente envolvida no automobilismo, inclusive, pilotos, como José Carlos Catanhede, o Catanha, que participou ativamente da construção da pista:
"Eu participei ativamente na construção do Pelezão, furando e colocando parafusos nos pneus usados, até encher as mãos de bolhas, cedidos pela OK pneus do Luis Estevão, Curinga dos Pneus do meu amigo Eduardo Cury, Pneulândia do Vânio Maldi, grande incentivador do automobilismo brasiliense, patrocinando vários pilotos, eu, Nelsinho, Pupo Moreno, entre outros.
Fui eu quem determinou a locaIização das torres de sinalização, lembro até de um incidente com um dos bandeirinhas, que quando chegou no alto de uma das torres, os marimbondos atacaram e ele teve que pular lá de cima.
Treinei os bandeirinhas, todos garotos, que mesmo depois, quando inaugurado o autódromo, continuaram como bandeirinhas por um longo tempo, já homens.
No meu casamento, na entrada e na saída da Igreja, se enfilleiraram acenando as bandeiras e a bandeirada de largada na saída, foi um show a parte.
Coisas que as pessoas esquecem. Eu e a Lúcia, minha namorada, eramos muito amigos da Verinha, filha do Governador do DF, Cel. Hélio Prates da Silveira e estavamos sempre em Águas Claras.
O tio Hélio, como eu o chamava, gostava muito de mim e conversavamos muito.
Sabia da minha paixão pelo automobilismo.
Eu insistia com ele para a construção de um autódromo em BSB.
De tanto insistir, acabou cedendo as minhas reevindicções solicitando que eu marcasse um encontro com o Cel. Fábio, na época preisdente da FADF, e de outros pilotos e participantes do automobilismo brasiliense.
Tenho a matéria no Correio Brasiliense, inclusive com foto.
Foi assim que começou a construção do nosso autódromo.
Tempos atrás, fui eu quem lembrou que deveriam fazer uma homenagem ao Eng. Samuel, responsável pela construção do autódromo, o que merecidamente foi feito inclusive com a participaão do Nelson Piquet.
Essa é uma das várias estórias do automobilismo candango, que tenho tudo na memória como uma das mais importantes lembranças da minha vida.
Tenho certesa do seu interesse em saber da estória e das peripécias dos automobilistas candangos. Deveria, até, escrever um livro.
Conte comigo."
"jovino,fui testemunha e partícipe de muitos atos para transformar o ocioso estacionamento do estádio em circuito para corridas. aliás, todos os envolvidos no movimento automobilístico ansiavam pela volta das corridas após as sempre presentes complicações na federação local, e colaboraram de maneira ou outra para viabilizar a idéia.o major fábio, recém transferido para cá, aceitou a presidencia da fadf e aplicou sua objetividade de militar e a habilidade em contornar problemas para viabilizar não apenas um circuito improvisado, mas a volta das corridas.todos descarregamos caminhões e juntávamos os pneus descartados, cedidos pelas tres maiores lojas da cidade, parafusando uns aos outros, num guard rail de custo quase zero, mas com qualidade defensiva.acho interessante apareça atualmente alguma contestação ou dúvida quanto à vitória do barata sobre o alex, do royale sobre o porsche. foi vista - e aplaudida por todos.era um momento de felicidade geral: as corridas voltavam à capital que as elegera como seu esporte favorito; o alex era piloto local e aparecia ao volante de uma das mais desejadas jóias das corridas de então, na equipe com maior estrutura empresarial; o royale, com modificações locais, e o barata, eram todos brasilienses.assim, quando o barata ultrapassou o alex na curva próxima ao local onde hoje é a oficina do pelé das baterias, com ambos na mesma volta, parecia claro, óbvio e incontestável ter assumido a liderança, mantida até o final, tornando-se vencedor.para concluir, sobre o circuito, exigir qualquer coisa a mais do que foi feito, seria no mínimo indelicado. do traçado do circuito, à delimitação por pneus inservíveis, às torres de cronometragem montadas por tubinhos de metalon e chapas de aço, salvo engano cedidos pelo luiz estevão e a pneus ok. não havia orçamento sequer dinheiro em caixa, e o major era um líder motivador de pessoas e da criação de meios. tentava-se reerguer o automobilismo local, sempre em altos e baixos com disputas por caixa e vaidades. era a hora de fazer e, para fazer, se faz. depois, aplica-se a regulagem fina. exatamente como a construção recorde de brasília, que tanto marcou os pioneiros.se alguém fosse considerar as variáveis e condições para fazer uma capital no centro-oeste, sem estradas ou meios, apoio ou logística, e faze-lo em mil dias, estaria discutindo até hoje a impossibilidade.quanto ao autódromo, a questão e decisão antecedem ao então governador hélio prates. o ótimo trabalho do eng samuel, um especialista em estradas que entendeu a necessidade de mudar de conceitos e regras para adequar um autódromo, o ótimo traçado fazem-no merecedor da maiores homenagens. e ao governador não deve ser olvidada a coragem de inaugurar o autódromo bancando a única prova de fórmula 1 que a capital já viu.admiração r nasser"
Gostaria de Lembrar que a corrida de estréia do Pelezão foi um evento muito feliz para mim pelas seguires razões:
- Consegui realizar o sonho dourado de pilotar um Porsche 910.
- Corri pela primeira vez em dupla com de Luis Pereira Bueno, um dos meus ídolos de infância.
- Foram duas corridas. Uma no sábado e oura no domingo. Na de sábado eu vinha disparado na liderança quando não entrou uma marcha na freada do finda reta e eu rodei.
Pensando havia um defeito no cambio parei nos boxes para verificar o que havia acontecido e por isso perdi a corrida.
- Conquistei a confiança dos meus patrões na equipe Holywood, que me deram uma segunda chance na corrida de domingo quando finalmente venci minha primeira corrida, cinco anos depois de minha estréia nas pistas.
- Tá certo que corri de Porsche contra os protótipos de fundo de quintal.
- Mas também nunca tinha vencido porque sempre corria com o nosso Patinho Feio contra os Porsches, Alfas, BMWs e outros carrões importados ou das equipes de fabrica.
- Mas a primeira vitoria a gente nunca esquece. E aquele foi um fim de semana muito feliz na minha vida.
Alex"
A CONFUSA PROVA E O POLÊMICO RESULTADO
Nenhum autódromo brasileiro poderia alinhar a maioria dos carros inscritos, pois quase todos estavam fora do regulamento.
Haviam para-lamas recortados, mangueiras e radiadores pendurados nas carrocerias, carros visivelmente aliviados em peso mais que o permitido. Um VW não tinha nenhum vidro com exceção do para-brisa. Claro que a ausência de corridas contribuiu para um natural “esquecimento” das regras, porém a FADF, deveria procurar esclarecer os pilotos. Mesmo assim, uns 20 carros conseguiram alinhar, embora, no sábado, ninguém conseguia uma lista oficinal de inscritos.
No primeiro dia da corrida, quando a pista foi inaugurada oficialmente pelo Governador do DF, Hélio Prates, o caos era total.
“Falava-se” que os vencedores seriam apontados por soma de pontos obtidos pelos concorrentes nas duas baterias e o desempate pelo melhor tempo total. Além disso, os carros empurrados na largada seriam penalizados em uma volta (normalmente o critério é acrescentar 30 segundos ou até 2 minutos ao tempo do concorrente). Na verdade, a cronometragem simplesmente não existia: foi feito apenas um mapa de passagem e no caso de empate, como aconteceu, as coisas iam ficar pretas.
Na largada, ninguém desligou os motores, com exceção do AC de Toninho da Mata e Clovis Ferreira. Assim, a direção da prova não pode certificar-se que os carros foram ligados só com o motor de arranque. Na 2ª bateria, o Royale de Luis Barata foi empurrado na frente de todos e, apesar de ter vencido a prova, com a penalização de uma volta, ficou para trás. Mas a novela não terminou aí com a vitória dada ao Porsche 910 da equipe Hollywood.
Alguém se lembrou que os motores não tinham sidos desligados nas largadas. Resultado: todos os concorrentes penalizados em uma volta. Com isso, o Porsche 910, o Royale e o AC ficaram empatados em primeiro lugar. Como a cronometragem não havia marcado o tempo total dos concorrentes, apelou-se – erradamente – para os tempos nos treinos a fim de se desempatar a corrida. Como Anisio Campos e Alex não tinham treinado na 6ª feira, a classificação final ficou sendo: Luis Barata e Luis Estêvão, com o Royale, em primeiro, seguido por Alex/Anisio e Toninho/Clóvis.
No domingo, estavam previstas uma corrida de suas baterias de 45 minutos e outra de duas horas de duração. Afinal, só houve a primeira, vencida por Bueno e Alex, no Porsche 910. E Fábio Lima, chegou a admitir que a corrida de sábado não teria validade, depois de toda a fofoca. E dizia com insistência: "estas corridas são apenas treinos para que a FADF possa organizar boas provas quando o autódromo definitivo for inaugurado, em setembro".
Apesar dos pesares, a corrida motivou o público, que prestigiou as provas numa época muito romântica do nosso automobilismo em que a união em prol do esporte a motor se fazia presente com envolvimento tanto dos organizadores, como de pilotos, chefes de equipe e a mídia em geral. O erro principal da FADF foi cuidar exclusivamente da construção da pista, esquecendo de preparar uma infraestrutura de organização, com equipe de sinalizadores, cronometristas, comissários de boxes, comissão técnica, etc.
Também não houve muita divulgação das provas, nem de seu regulamento. Os organizadores cobraram 350 cruzeiros de inscrição (quanto seria hoje!) dos pilotos, venderam ingressos para carros de espectadores no domingo (sábado foi de graça) e não ofereceram nenhum prêmio, nem de largada, nem de classificação.
Alegou-se que a FADF estava com a situação financeira abalada, com tanto tempo sem corridas, mas em Brasília, naquela época, não era tão difícil arranjar patrocinadores assim. Até os carros de reportagens tinham que pagar para entrar no autódromo, no domingo. Uma política de pouca visão.
Enfim, na pista, o vencedor, no sábado, foi mesmo o Royale da dupla brasiliense Luis Estêvão e Luis Barata e confirmado mais tarde pelos organizadores.
(agradecimento muito especial ao Fábio Barata, filho do Saudoso piloto Luiz Antonio Barata que me forneceu o material do Jornal dos Esportes e aos meus amigos José Carlos Catanhede e José Roberto Nasser. Fotos, reprodução)
Jovino, mas que confusão, kkk. Só mesmo o pioneirismo pra poder explicar e aceitar fatos como esses.
ResponderExcluirE o Catanha confirma o que te falei noutro post, seu livro sobre o automobilismo do Centro-Oeste já começou a ser escrito e você nem se atinou para esse fato, kkk.
É sina meu amigo. Forte abraço, Maurício Morais.
Mauricio, o blog já me deu dor de cabeça demais por mexer com o ego de ex pilotos aqui. Outra, eu não tenho esta competência não, isto fica para o nosso amigo Joaquim Lopes Filho, que tem o dom da escrita.
ResponderExcluirMas a gente vai tocando o barco devagar e que brevemente virá boas surpresas.
Jovino
Mauricio, o blog já me deu dor de cabeça demais por mexer com o ego de ex pilotos aqui. Outra, eu não tenho esta competência não, isto fica para o nosso amigo Joaquim Lopes Filho, que tem o dom da escrita.
ResponderExcluirMas a gente vai tocando o barco devagar e que brevemente virá boas surpresas.
Jovino
Jovino
ResponderExcluirO Maurício já falou tudo. Falar o que depois dele?
Abração.
Data Vênia, Srs.
ResponderExcluirO nome do Zè Catanha é:
José Carlos de Almeida Cantanhede.
Abs,
Hamilton.
jovino,
ResponderExcluirfui testemunha e partícipe de muitos atos para transformar o ocioso estacionamento do estádio em circuito para corridas. aliás, todos os envolvidos no movimento automobilístico ansiavam pela volta das corridas após as sempre presentes complicações na federação local, e colaboraram de maneira ou outra para viabilizar a idéia.
o major fábio, recém transferido para cá, aceitou a presidencia da fadf e aplicou sua objetividade de militar e a habilidade em contornar problemas para viabilizar não apenas um circuito improvisado, mas a volta das corridas.
todos descarregamos caminhões e juntávamos os pneus descartados, cedidos pelas tres maiores lojas da cidade, parafusando uns aos outros, num guard rail de custo quase zero, mas com qualidade defensiva.
acho interessante apareça atualmente alguma contestação ou dúvida quanto à vitória do barata sobre o alex, do royale sobre o porsche. foi vista - e aplaudida por todos.
era um momento de felicidade geral: as corridas voltavam à capital que as elegera como seu esporte favorito; o alex era piloto local e aparecia ao volante de uma das mais desejadas jóias das corridas de então, na equipe com maior estrutura empresarial; o royale, com modificações locais, e o barata, eram todos brasilienses.
assim, quando o barata ultrapassou o alex na curva próxima ao local onde hoje é a oficina do pelé das baterias, com ambos na mesma volta, parecia claro, óbvio e incontestável ter assumido a liderança, mantida até o final, tornando-se vencedor.
para concluir, sobre o circuito, exigir qualquer coisa a mais do que foi feito, seria no mínimo indelicado. do traçado do circuito, à delimitação por pneus inservíveis, às torres de cronometragem montadas por tubinhos de metalon e chapas de aço, salvo engano cedidos pelo luiz estevão e a pneus ok. não havia orçamento sequer dinheiro em caixa, e o major era um líder motivador de pessoas e da criação de meios. tentava-se reerguer o automobilismo local, sempre em altos e baixos com disputas por caixa e vaidades.
era a hora de fazer e, para fazer, se faz. depois, aplica-se a regulagem fina. exatamente como a construção recorde de brasília, que tanto marcou os pioneiros.
se alguém fosse considerar as variáveis e condições para fazer uma capital no centro-oeste, sem estradas ou meios, apoio ou logística, e faze-lo em mil dias, estaria discutindo até hoje a impossibilidade.
quanto ao autódromo, a questão e decisão antecedem ao então governador hélio prates. o ótimo trabalho do eng samuel, um especialista em estradas que entendeu a necessidade de mudar de conceitos e regras para adequar um autódromo, o ótimo traçado fazem-no merecedor da maiores homenagens. e ao governador não deve ser olvidada a coragem de inaugurar o autódromo bancando a única prova de fórmula 1 que a capital já viu.
admiração r nasser
Nasser, eu também assisti a esta prova e não tenho a menor dúvida de que o Royale da dupla brasiliense venceu a prova na pista, mas houve esta polêmica toda. nos já haviamos conversado a respeito da contrução do autódromo do Pelezão e você já havia me falado de sua participação na construção dele.
ResponderExcluirAbs e obrigado pelo seu depoimento de quem viveu efetivamente esta história.
Jovino
Opa Pessoal,
ResponderExcluirEu só fui ler os comentários do senhor Roberto Nasser hoje, e pude ver que o nosso automobilismo deixou muitas feras, sem a devida história contada, meu pai não teve o dinheiro ou patrocinio forte, mas teve o que ser contado, eu nunca fiquei asabendo disso por nenhuma pessoa, somente meu pai e me sinto a pessoa mais feliz desse mundo. Obrigado Sr Roberto Nasser e Grande Jovino, por ter me deixado ver o que nunca pude ver.
Fábio Barata
Camarada Jovino, relendo hoje esta matéria, não sei bem porque bateu no meu face a pouco, me faz lembrar de dois aspectos interessantes daquela corrida-bagunça. Eu fui do Rio para ajudar o Janjão a terminar um carro, também num barracão no SIA e lá passamos a semana toda nos ajustes finais do carango. No sábado ao final da corrida, alí no meio daquela multidão nos boxes, encontro meu irmão Sergio, que me apresentou sua namorada, uma recém chegada nordestina que até hoje atura a figura. Só mesmo Da. Maria Dilsilene para conseguir domar aquele potro bravio e, acho, que muito deste sucesso ela aprendeu naquele final de semana, com os improvisos que todos cometemos. Tive a oportunidade de fazer ali, ao redor do Pelezão, tempos depois, minha despedida das pistas em uma corrida de kart.
ResponderExcluirCaro Jovino, sou filho do ex-presidente da Federacao de futebol de Brasilia, Wilson Andrade. Me lembro de assistir as Porsches do alto do estadio do Pelezão. Lembro-me vagamente de meu pai comentar algo como "me solicitaram o uso do estacionamento do Pelezão para as corridas"... eu achei o máximo! Dali pra frente não perdi mais nenhuma corrida em Brasília até 1975...bons tempos.
ResponderExcluirLuiz Antônio Barata é meu irmão querido, sempre será,m esmo em outro plano. Tenho muito orgulho dele. Abraços a todos, Sérgio Augusto Barata
ResponderExcluir