quinta-feira, 21 de outubro de 2010

O ROYALE-GM BRASILIENSE.

Muito já se falou na derrota do Porsche 910 da Equipe Hollywood de Anísio Campos em vários blogs e aqui no Mocambo também, mas aos poucos e contando com a colaboração de alguns interessados que vão liberando os arquivos pessoais, a história do automobilismo brasiliense vai sendo recontada. De acordo com matéria do Jornal dos Sports da época, encaminhado pelo Fábio Barata, filho do saudoso piloto Luiz Barata que, junto com o Luis Estêvão integrou uma das maiores promessas de equipe profissional de corridas do Brasil, naquela época, a Importadora OK.

Segundo o referido jornal, Luis Estêvão vendeu seu protótipo Ok-VW e ao fazer a contabilidade anual descobriu que o que levantara de prêmios compensara em muito o investimento, sem contar o retorno publicitário e financeiro que rendera para sua rede de revenda de pneus. Isso o animou a buscar um patrocinador maior e montar uma equipe em moldes profissionais.

Logo de início comprou um Royale acidentado cuja recuperação se mostrava dificil e convidou o Luis Barata como segundo piloto. Luis Cláudio Nasser seria o coordenador da equipe e Pedro leopoldo Duarte ( o Pedrão) o chefe dos mecânicos. Mas faltava o principal, o patrocinador. E através do José Roberto Nasser, na época editor de automobilismo do Correio Brasiliense, conseguiram despertar o interesse do grupo Importadora de Ferragens, que mantinha revendas Chevrolet em Brasilia, Belém do Pará e Rio de Janeiro.

A participação da Importadora de Ferragens foi decisiva para a equipe pois seu chefe de oficina, João Dezan, havia sido o preparador do motor do Opala de Bird Clemente, recordista brasileiro de velocidade em 1970 e que naquele ano (1972) pertencia ao gaúcho Pedro Carneiro Pereira. Os conhecimentos e capacidade técnica de João Dezan seriam fundamentais nos acertos do motor do Royale-GM.

Passou-se então à fase de construção do protótipo. Do Royale original acidentado aproveitou- se a parte central do chassi tubular, sendo alterada a distância entre eixos, alterando-se o centro de gravidade e refeitos os subchassis dianteiro e traseiro. O motor original Ford Cortina de 1600 cc foi substituido por um GM Opala quatro cilindros, com cilindrada alterada para 2.800 cc e estimados 200 Hp a 7.700 rpm.


As suspensões eram independentes nas quatro rodas, freios a disco, rodas de magnésio e 8 polegadas de tala na dianteira e 12 na traseira, calçando pneus GoodYear importados. A caixa de câmbio era Hewland de cinco velocidades e a carroceria, tipo spyder, fora aproveitada da original do Royale, mas com modificações na traseira e inclusão de dois faróis de milha.



O Porsche 910-Hollywood do trio Alex Ribeiro/Anisio Campos e Luis P. Bueno.

O Royale-GM estreou na inauguração do circuito improvisado em volta do Estádio Pelézão, uma prova confusa que teve como grande atração a presença do Porsche 910 da famosa equipe Hollywood, bicho papão das corridas brasileiras naquele ano e que seria pilotado pelo brasiliense Alex Dias Ribeiro, Anisio Campos e Luisinho Pereira Bueno.

O Royale-GM da dupla brasiliense Luis Estêvão-Luiz Barata.

A programação previa duas baterias no sábado e duas no domingo, sendo que nesta última, uma prova de duas horas de duração que acabou não ocorrendo. Apesar do amplo favoritismo do Porsche 910, e se beneficiando das confusões armadas por uma inexperiente equipe de cronometragem, Luiz Barata conduzindo o Royale-GM brasiliense conseguiu chegar à frente do Porsche da Hollywood numa discutida vitória que será tema do nosso próximo post.

(fotos reprodução)

7 comentários:

  1. Jovino,

    A origem e destino dos Royale que correram no Brasil foi assunto de abertura do meu blog - mestre Joca - há quase dois anos atrás.

    E sempre me intrigou este Royale-GM brasiliense. Agora creio que vc matou a charada com este post.

    Pelo que foi colocado, o chassi deste Royale-GM era o mesmo do Royale Ford que pertenceu à equipe Greco e que sofreu um acidente nos 500 Km de Interlagos em setembro de 1971 com o piloto paranaense Sérgio Benoni Sandri.

    E uma vez que tudo indica que não seja aquele que pertenceu ao Evandro Faleiros, seria interessante descobrir que fim levou este chassi.

    Grande abraço e parabéns pelo post.

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  2. Interessante Jovino, ainda ontem estava pensando e até comentei com um amigo de uma visita que fiz a Eugeninho Martins em sua revenda GM se não me engano TransAm no Itaim Bibi. Ele era amigo de meu irmão Paulo e me mostrou dois Opalas que tinha para D3 -o ano 1971 ou 72- um seis cilindros o outro com um motor quatro cilindros com o cabeçote Berta , com saida de escape de um lado e admissão do outro. Este carro era para D3 classe B e tinha se não me engano 2.500cc. Ecredito que nunca tenha corrido e agora vc citando o motor desse carro penso que poderia ser um semelhante com a cilindrada aumentada. Acaso vc sabe de alguma coisa do motor?

    Um abraço

    Rui

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  3. Comentário importantíssimo do Catanha encaminhado para o meu email. Ele mandará mais relato.
    Vamos aguardar.

    "Jovino,
    quando faço comentário no blog não consigo enviar. Acho q tenho q criar um email no GOOGLE.

    Eu, o Pedrão e o Claudio é que preparavamos o ROYALE chevrolet do Estevão e Barata, na Oficina nos fundos da Pneus OK no SIA. Era um barraco de madeira o qual colocamos o nome de BARRACÃO.
    Tenho estórias pra te contar, acompanhei todas as corridas.
    Abç.
    Catanha"

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  4. Joaquim,
    Naquela matéria que eu fiz sobre o Royale para o blog do nosso amigo Saloma que esta aqui na casa da Consuelo Jofilli, esposa do falecido Leo Faleiros, já ficava claro que o Royale do Luis Estêvão e o dele não eram os mesmos.
    Mas se existia alguma dúvida, agora foi totalmente tirada.

    Rui,
    Tenho mais jornais da época e vou dar uma olhada para ver se tem mais informações.
    Jovino

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  5. Catanha pode começar a falar, estou todo ouvidos, mas fale tudo mesmo, kkkk.

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  6. Diga Mauricio, o Catanha já fez um relato da construção do Pelezão e devo colocar no próximo post.
    Jovino

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