quarta-feira, 18 de junho de 2014

A COPA DO MUNDO E OS CARROS DOS ESTRANGEIROS NO BRASIL

Muito bacana esta matéria de Jason Vogel de "o Globo" mostrando os torcedores de outros países que vieram ao Brasil assistirem a copa do mundo. Vieram em seus próprios veículos: um francês veio em um 2CV, os holandeses que trouxeram o ônibus Bristol VR, ano 1979 e que já foram em várias copas, americamos, colombianos, mexicanos e tantos outros. Em destaque a Arca abaixo de 8 malucos argentinos que estão no Rio de Janeiro. Este é o poder que o maior evento esportivo do mundo faz com os torcedores.
 
A “Arca de Moisés” veio de Mendoza, na Argentina, ao Rio em seis dias, trazendo oito torcedores- Jason Vogel
Um ônibus antediluviano segue pelo Aterro do Flamengo rumo a Copacabana. No letreiro, a inscrição “El Arca de Moisés”. O destino? A Copa do Mundo no Brasil.
O comerciante Moisés Burat, de 31 anos, é o capitão da “arca”: um Mercedes-Benz LO-911, ano 1968, fabricado na Argentina. Originalmente um ônibus urbano, o veículo já estava convertido em motorhome quando foi comprado há três meses.
A bordo desta casa rodante, oito amigos saíram de Mendoza em 7 de junho e chegaram ao Rio apenas seis dias depois, bem a tempo de se juntarem aos milhares de argentinos que tomaram a Avenida Atlântica.
— Viemos sem ingresso a ver o que acontece — conta Moisés.
Um típico acampamento argentino no calçadão de Copacabana. Trailers tomaram o Leme - Marcelo Piu

Para quem curte automóveis, o afluxo de estrangeiros motorizados à Copa no Brasil é uma oportunidade de se ver modelos exóticos nas ruas.
Os argentinos eram os mais numerosos no Rio, à espera da partida contra a Bósnia, realizada domingo, no Maracanã. Com eles chegaram motorhomes de todos os tipos: caros e modernos ou trapizongas improvisadas. Entre os carros de passeio em Copacabana, anacronismos rodantes como Fiat 600 ou Ford Falcon lembravam as “invasões” de verão no início dos anos 80.

CORDA PARA PRENDER A DIREÇÃO
Ainda mais impressionate é a perseverança dos franceses Eric Carpentier e Pierre Pitoiset. Eles participam da organização “A Cup of World” e se lançaram num projeto sociológico: dirigir do Canadá ao Brasil e, no caminho, jogar uma pelada por dia, registrando em vídeo a influência do futebol nas Américas.
Os franceses Eric e Pierre vieram dirigindo o Citroën 2CV desde o Canadá - Álbum de viagem

Para o trajeto, escolheram um singelo Citroën 2CV pintado como bola de futebol. Seu motorzinho de dois cilindros e 602cm³ aguentou bem, mas o chassi se dobrou quando o carro atingiu um quebra-molas em alta velocidade no Peru.
Sem peças ou oficinas disponíveis, parecia que a viagem ia acabar por ali. Mas a dupla francesa conseguiu chegar ao Chile com a coluna de direção fixada por uma corda. Na região de Coquimbo, o clube local de “citroneiros” providenciou uma reforma em tempo recorde. Daí foi dirigir 52 horas sem parar cruzando os Andes e o Norte da Argentina até entrar no Brasil por São Borja, Rio Grande do Sul — a exatos 13 minutos do jogo de abertura da Copa. Prazo cumprido!
Em Porto Alegre, os jovens não conseguiram ingresso para o França x Honduras. Planejam estar no Rio a tempo do jogo contra o Equador, no dia 25.
— E, tomara, para a final no Maracanã! — torce Eric.

INVASÃO HOLANDESA
Há europeus que trouxeram de navio seus próprios meios de transporte terrestre. É o caso de um ônibus inglês Bristol VR, ano 1979, que virou casaca e hoje roda pintado de laranja transportando torcedores da Holanda. É um veterano nos Mundiais. Já levou os torcedores holandeses às Copas da Alemanha (2006) e da África do Sul (2010).
Holandeses que participam do rali "Oranje Trophy", entre os EUA e o Brasil, em Salvador - Divulgação

Desembarcado no Rio, o ônibus de dois andares levou o grupo “Oranje Fans” a Salvador, para a acachapante vitória sobre a Espanha. Seu próximo destino é São Paulo.
Outros holandeses organizaram o rali “Oranje Trophy”, especialmente para a Copa. São 29 equipes em motos bigtrail modernas, Kombi e modelos Opel e Mercedes dos anos 70.
O ônibus Bristol VR, ano 1979, já estece nas Copas da Alemanha e África do Sul. Agora está no Brasil - André Miranda

Embarcaram os veículos na Holanda para o porto de Nova York. De lá, partiram no dia 23 de março rumo ao Brasil. Já foram 25 mil quilômetros, com passagens por Salvador e Rio.
Em Salvador, na semana passada, outro holandês era o terapeuta Ben Oude Kamphuis. Ele mora na Califórnia e veio de lá dirigindo uma picape Chevrolet ano 1955.
O holandês Ben veio dos EUA na picape Chevrolet 1955 - Reuters
CHILE X 800
Agora, são os chilenos que tomam conta do Rio à espera do jogo contra a Espanha, hoje, no Maracanã. Uma caravana de 800 (!) motos, carros, motorhomes e caminhões vindos de Santiago traz 3 mil pessoas.
Alberto Schmidt vinha para a Copa com a mulher e a filha. Com medo de fazer a viagem sozinho, criou um evento no Facebook. Lá, dezenas, centenas e, por fim, milhares de pessoas confirmaram presença.
— Achava que viriam, no máximo, dez carros — confessa o organizador.
O acampamento chileno em Itaboraí reúne 800 caros e 3 mil pessoas - Gabriel de Paiva

A trupe saiu de Santiago no dia 7 de junho rumo a Cuiabá, para o jogo contra a Austrália. No dia 14, o comboio tomou o rumo do Rio. Espaço para tanta gente? Só no pasto de uma fazenda em Itaboraí.
O próximo destino da caravana é São Paulo, para a partida contra a Holanda. De lá, a ideia é voltar para Santiago. Isso se o Chile não passar para a segunda fase, claro...
 

2 comentários:

  1. Jovino, você não faz idéia do quanto os argentinos e os uruguaios são fascinados com o antigomobilismo... Em qualquer quarteirão nesses dois países são encontráveis carros das décadas de 30, 40, 50 e 60, precisando (na sua maioria) de pequenos reparos, em sua maioria...
    Virem rodando cerca de 6.000km é normal...rsrsrs

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  2. Fernandinho, você tem toda a razão. A maioria dos antigomobilistas de brasília tem carros mas não os tiram da garagem para uma pequena viagem mesmo aqui mais próximo como Goiânia. Muitos tem carros que nem andam. Como disse o nosso amigo Nerso: carro que não dá para viajar não interessa para ele. Jovino

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